terça-feira, 18 de novembro de 2014

- Eu também te amo Harcy!

Caí no chão, sentindo a dor comprimir o meu peito, invadir a minha alma e mexer com o meu cérebro. Eu não podia perdê-lo, não podia ficar sem ele. Ele era o ar que eu necessitava para respirar. O mundo não pode tirá-lo de mim. Não... Não...

Deixei-me cair no chão com as lágrimas rolando do meu rosto e com todo o meu mundo desabando.

- Talvez você possa deixá-lo partir junto com você - pensei em voz alta.

Esse pensamento iluminou um pouco a minha escuridão. Com força de vontade peguei a minha faca e bem forte cortei o meu pulso. Me deitei ao lado dele e falei:

- Não vamos ficar juntos na terra, mas irei com você em direção ao infinito.

Fechei os olhos, tentando ser o mais natural possível. Não sei se vamos morrer, pois ninguém sabe o futuro, sempre há uma solução até para um coração morto, mas mesmo se morrêssemos nesse minuto eu o escolhi para sempre e sei que ele me escolheu. Foi um símbolo silencioso do nosso amor eterno.

- É... Eu te amo Harcy e dessa vez é para sempre
O sol me acordou de manhã. Meu corpo estava quebrado em mil pedaços, tudo doía, mas principalmente o meu coração. Eu afarva de cansaço e estava enjoado por causa da bebedeira de ontem. Estava me estragando, mas e daí? Eu já estava estragado na pior parte do corpo. Me levantei aos poucos, tomando cuidado para não cair, porém essa era uma tarefa árduo e difícil. Vomitei até não aquentar mais, porém tentei me dar a dignidade de continuar de pé, por mais que isso significasse ficar com a visão embaçada e achando que eu vou morrer. Por que eu fiz isso comigo mesmo? Por quê? Porque sou burro.

Quando eu achava que não dava para ficar pior, ficou. Leões, uma matilha deles, vieram correndo para cima de mim. Soltei um berro estrangulado. O medo estava me controlando. Com a visão embaçada e caindo, me levantei e tentei correr. Tudo girava, eu estava caindo. Tentei tacar fogo neles, mas eles eram imunes a fogo. Meu corpo não aquentou e foi ao chão. Meu rosto se cortou com a queda e toda a minha força estavam se esvaindo. Eu não estava morrendo, apenas ainda muito bêbado, mas, agora, nessa situação, com leões atrás de mim, pode-se dizer que eu estava quase morto.

Chorei de medo e ódio por mim mesmo. Idiota eu sou! Agora vou morrer e sem tê-la perto de mim, sem lembrar direito de como é o calor de seu beijos, do seu jeito meigo e sedutor. Perfeita, linda, encantadora.

Os leões pararam atrás de mim avaliando a sua presa e então atacaram. Um veio direto na minha costela e outro direto no meu pescoço. Eu dei berros ensurdecidos e chorei tanto que era de cortar a alma. A dor era tão grande que tudo já estava preto. Eu só rezava para que acabasse logo, que todo essa dor acabasse logo e quando eu morresse, eu pudesse observá-la de perto.

Uma garota que eu não conseguia ver muito a sua aparência apareceu em cima da montanha. Ilusões de quando de se está no ápice da dor da morte. Foi nesse momento que eu percebi o quanto a vida é valiosa, nós não damos valor a ela até chegar a hora em que estamos morrendo. Você reclama da sua vida, mas de graças a Deus por pelo menos você esta vivo.

Eu fechei os olhos porque a dor neles era tanta que parecia que eu ia ficar cego, meu corpo estava desistindo e eu também. Mais um mordida no meu pescoço, mas eu já não sentia mais nada, apenas via um clarão branco e tinha alguma noção do estava acontecendo. Me esforcei para ver e finalmente consegui alguma coisa, uma vista muito mais do que embaçada. As lágrimas caíam pelo meu rosto e eu dizia adeus a esse mundo.

A menina gritou e correndo estava vindo em minha direção. Os cabelos louros balançavam lindamente, o seu perfume de Lírios era suave e me envolvia, seus olhos eram misteriosos, mas agora demonstravam agonia, pânico, tristeza e arrependimento, a pele branca parecia tão suave quanto ceda. Muito linda... Era um sonho eu tenho certeza, pois ela parecia um anjo, ou então eu já estava morto.

Queria gritar para que ela não viesse pois os leões a matariam, mas minha voz não saía. Tudo parecia superficial, como se eu não estivesse vivendo de verdade... A menina habilmente com a sua adaga lutou ferozmente contra os leões e matou um por um. Ela continuou vindo até mim e finalmente se deitou ao meu lado. Senti o cheiro de seus cabelos e sua macies. Eu a queria tanto...

- Lya, eu te amo. - falei com muita dor e esforço, porque se eu fosse morrer, queria que essas fossem as minha últimas palavras.

domingo, 5 de outubro de 2014

Era como se  a minha vida tivesse virado de cabeça para baixo. Tudo na minha vida era ela, o céu, a luz, as estrelas, tudo era ainda a Lia. Eu via nós dois correndo em um campo verde sorrindo, espalhando amor e felicidade. Se seus olhos fossem água eu me derramaria neles, se sua boca fosse néctar, eu a beijaria mais feliz do que antes, mas a única coisa que lembro era do seu rosto contorcido de dor, os olhos pedindo arrego e o coração quebrado.

Me lembro de quando ela morreu, de quando seus olhos se fecharam e a minha vida perdeu o sentido. Me lembro de ter me tornado agressivo, mal amado, grosseiro, tudo isso porque a dor cegava os meus olhos e não me deixava ver o que estava acontecendo comigo. Eu via seu rosto no da Ana, via seus movimentos nos de Flaura, Via seus olhos na cor clara do mar. Estava mais louco que o normal.

Me lembro também de quando cometi a maior burrada na minha vida. Era uma tarde clara e eu estava tremendo de frio. Ana sentou-se ao meu lado e disse:

- Todos nós sentimos falta dela Harcy, mas você continuar a viver.

Eu abaixei a cabeça, mas ela a levantou com os dedos. Seus olhos mudaram de cor, mas eu havia pensado que era apenas impressão.

- Tem uma pessoa esperando por você.

Ela me levantou com força e eu a segui. Uma mulher loira de olhos verdes me encarava. Eu não conseguia nem pensar, tinha olhos verdes era loira... Meu cérebro parou  e por um minuto eu fiquei congelado no espeço, era ela! Meu Deus era ela! A agarrei pelos cabelos e vorazmente a beijei. Seu beijo era diferente, não era o mesmo. Porém, quando vi um grito atrás de mim, percebi que a mulher não era ela e ela, a Lya de verdade, estava ajoelhada atrás de mim gritando.

Deixei a mulher para trás e fui atrás da Lia, mas nada que eu fazia adiantava, ela não me ouvia e eu não acreditava no que tinha feito.

Ana depois desse dia desapareceu junto com o Jack e eu fique sozinho. Meus pais haviam desaparecido desde que a Lia morreu. Aprendi a fazer cerveja sozinho e ontem fiquei bêbado e a mulher, a cobra que não sei porque quer me ver longe da Lia e eu bêbado a beijei de novo e mais uma vez a Lia apareceu, mas o que mais doeu em mim foi ver ela ser levada para o Crânios. Talvez eu a tenha perdido mas eternamente a amarei.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Mas então eu acordei do meu sonho. Olhei ao meu redor, procurando por algum vestígio da sua presença, do seu amor queimando quando se encontrava com o meu, mas recebi em troca apenas o silêncio, o silêncio interminável que machucava os meus ouvidos e o meu coração. Minha respiração falhava por causa da tristeza.

Peguei a minha faca, e em silêncio pedi ao meu pai que me mostrasse o caminho. A calmaria era tanta desde que briguei com o Harcy que chegava a ser suspeita, algo estava acontecendo. Será que o Crânius o matou? E a Ana? E o Jack? Estão todos bem? Sentei novamente na clareira, completamente perdida e atordoada. Meu coração não conseguia parar de esperar por ele, por algum sinal, por qualquer coisa. Flaura por trás de mim chegou e disse:

- Quer andar a cavalo?

Olhei bem no fundo dos seus olhos e sem dizer uma palavra, eu disse que sim. Suas mãos habilidosas me ajudaram a levantar e eu logo assobiei chamando a minha égua.

- E quem, vai ficar com a menina que salvamos? - perguntei.

- Eu vou, vá você. - respondeu ela.

- Tá bem.

Com um movimento demorado subi em Flox e antes de partir para o desconhecido, acariciei a minha égua, sentindo seu pelo macio e branco, que me acalmava e me deixava viajar para longe. Seu galope era rápido e eu sentia a brisa leve em meu peito. Não estava tão feliz quanto costumava ficar quando andava nela, mas é sempre bom andar de cavalo. Passei horas indetermináveis andando nela, sem querer parar. Andava, simplesmente andava, até que o vi. Parei Flox de repente e o que vi não pude entender. Ele estava dançando com aquela garota, os rostos colados, com um sorriso de canto a canto da boca e então eles se beijaram. Não chorei, mas senti uma dor tão grande na barriga que meus olhos reviravam, meu corpo implorava pedindo ar e meus olhos estavam secos. Como ele pode? O que eu fiz para ele? A dor era tanta que já estava me impedindo de ver direito.

- Lia! - ele gritou.

- Não! - gritei sem nem olhar para o seu rosto.

Um chute tão forte atingiu Flox que ela caiu me derrubando também e a única coisa que tive tempo de fazer foi colocar as mãos nos chão. A dor continuava a latejar. Era a pior dor que já senti e a mais nojenta também. Às vezes a dor emocional reflete no físico.

Mas quando olhei para o lado percebi que não tinha sido ele que tinha gritado e nem chutado o cavalo, foi o Crânius. Olhei para o lado e uma flecha estava a centímetros de mim. Eu não sabia o que estava acontecendo, ele havia me salvado.

- Por que você fez isso? - perguntei com as lágrimas de dor escorrendo.

- Porque não suportaria perder você de novo.

- Mas e toda essa guerra...? Para que?

- É uma longa história.

- Não confio em você. - disse eu pegando a minha faca e já mirando na sua garganta e para a minha surpresa ele levantou as mãos e deixou sua espada cair.

- Eu salvei você, acha que eu tentaria te matar te salvando?

- Você já tentou me matar outras vezes.

Olhei para o Harcy de novo e ele e a garota estavam aos beijos. A dor foi tanta que eu tremia no chão ajoelhada, com frio e de uma certa forma sozinha. Eu berrava tanto que cheguei a ficar rouca, meu peito doía mais que nunca e eu caí no chão, segurando a grama ou qualquer coisa que eu ainda pudesse chamar de meu .Crânius me pegou em seus braços, subiu em Flox e me levou para a colina, para junto de Flaura.

sábado, 26 de julho de 2014

Lia

Mais um baque na minha vida. Já fazia uma semana que Flaura foi embora, ela me deixou sem nenhum motivo, sem nenhuma explicação, e eu estava voltando a acreditar nas pessoas, estava tudo voltando a ser como era antes da medida do possível... Eu sentia falta dela, porque agora estava sozinha, sem ela e sem mais ninguém, apenas com a garotinha pequena... Não existem amigos de verdade eles te deixam quando você mais precisa, eu realmente gostava dela, mas ela foi embora.... Eu não sabia como eu me sentia, apenas sentia um vazio dentro de mim, um vazio muito duro.

Eu sentei na campina, tremendo de frio, tremendo de dor no coração, chateada comigo mesma, não sabendo o que fazer, perdida. Coloquei as mãos nos meus olhos e minhas lágrimas caíram involuntárias, pequenas, porém cheias de dor, com medo de tudo.

Frio, era o que eu sentia, sem as palavras dela que eu nunca mais teria, estou sem amigos. Comecei a soluçar. Estava com medo de perde-la para sempre. Era um uma coisa simples, mas para mim era como um pavor.

- Me perdoe por qualquer coisa que eu tenha dito, por favor me perdoe por ser eu, tão estúpida.

- Lia... - Harcy

Eu olhei para ele completamente perdida, então não me mexi, apenas o observei inquieta.

- Posso? - perguntou ele apontando para o meu lado

Eu assenti e continuei com as mãos na cabeça, perdida no meu pranto infantil, sem o observar direito...

- Já não acha que está na hora de parar de me evitar? Eu fui enfeitiçado...

- Agora não.

Ele colocou uma manta nos meus ombros e me puxou para perto dele. Me larguei em seu ombro e nele corei. Harcy estava comigo, só bastava eu deixar, só bastava isso. Coloquei o meu rosto no meu peito me entregando a ele. Seus dedos carinhosos pegaram o meu queixo e enxugaram as minhas lágrimas.

- Me desculpe por ter feito você sofrer tanto meu amor, me desculpe... - disse ele

Sua mão correu pelo meu rosto me puxando para mais perto de sua boca.

- Harcy eu não...

Ele me calou com um beijo. Ele estava de volta, junto comigo, me dando a vida que tinha dentro dele e me fazendo voltar a ser eu e como eu o amo. Pressionei ainda mais a minha boca contra a sua, apenas sentindo um amor dentro de mim que curou todos os meus problemas.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Flaura

A noite era fria, o vento açoitava em mim por inteira e eu se sentia completamente perdida com tudo isso que aconteceu. Nem tive tempo de dar nela um abraço e dizer o quanto a amava, pois ela mudou completamente e não tenho certeza se conseguiria a fazer voltar todos nós, mas nada disso me fazia desistir dela.

Ela estava dormindo hoje, seu rosto suavizado, despreocupado, linda, ela ainda não tinha mudado. Me aproximei dela, acariciei o seu rosto, algumas lágrimas caíram do meu rosto, mas me mantive segura e segurei a sua mão com muita força a dizendo que a amava e que tudo ficaria.

O que aconteceu para ela foi algo que não sei se mesmo ela, com a força que tem, seria capaz de superar e por isso, ela decidiu não confiar mais em ninguém para não se magoar mais. Eu teria feito a mesma coisa.

- Você ainda é a Lia, eu posso ver isso.

Ela começou a gritar: "Não! Não!", "O salve!", "Socorro!", "Harcy, sinto muito, eu amo você!". Lágrimas começaram a cair do seu rosto e eu vi que o que ela tinha mesmo era mágoa, que era inesquecível, ele era tudo a vida dela, e agora ela perdeu tudo. Seus olhos se abriram apavorados, chorosos e... tanta coisa poderia ser vista no seu olhar. Segurei firme e a sua mão. Seu olhar era como o de antigamente.

- Está tudo bem.

Mas de repente seus olhos voltaram para o casual e duro escudo contra as pessoas, mas eu não vou desistir.

- Por que eu deveria acreditar em você?

- Porque sou sua amiga.

Um berro atingiu a noite como um raio atravessa o céu. Me assustei e logo peguei o meu arco e flecha. Lia correu noite a fora e eu a segui. Não fazia sentido ela correr para salvar alguém se não confiava em mais ninguém, mas não pensei, apenas corri. Ela correu bem mais rápido e seu rosto mostrava preocupação demais.

Uma criança estava sendo açoitada com um chicote que nas pontas tinha um anzol, a menina gritava e isso estourava os meus tímpanos. Ela se virou para mim:

- Vem comigo...

- Você confia em mim?

- Eu não tenho escolha.

Corri com ela até os três caras que a açoitavam. Lia enfrentava eles com uma flecha e eu dava flechadas certeiras e no fim conseguimos. Eu e ela juntas pegamos a criança no colo. Lia chorou com a menina de quatro anos no seu colo:

- O mundo é mal e cruel, mas eu não vou deixar você ser machucada pelas pessoas idiotas, eu vou te proteger, de todo o mal, menina eu quero proteger você...

- Juntas vamos te proteger.

Olhei para os seus olhos e vi uma menina que estava quebrada em mil pedaços, vi mais do que um medo nos seus olhos, vi um pavor indescritível, uma coisa horrenda e dura demais. Eu tentei a abraçar querendo demais a ajudar, mas ela se afastou e eu me magoei, porém ela se aproximou de mim e foi ela quem me abraçou, um abraço sincero e doído para ela, mas lindo para mim.

sábado, 28 de junho de 2014

Lia

Eu corri até minhas veias doerem, até a minha alma dar o seu último berro,até o meu coração deixar cair o seu último pingo de sangue, e quando ele deu, eu rolei de Flox indefesa, não amada, sozinha, como todos um dia acabamos, sozinhos. A morte do corpo não era pior que isso, essa era a morte da luz do mundo, da sua esperança, da sua confiança em qualquer um, eu preferia estar morta.

Quando isso aconteceu, algo quebrou dentro de mim: a confiança nas pessoas. Já não sabia quem eu era, o que estava acontecendo a minha volta. Quem era ele? O que toda essa guerra adiantou? Lutei a minha vida inteira por algo que não existia, algo que por um ato, destroçou a minha vida, o meu pisicológio, me destruiu por inteiro. A vida não é como eu acreditava, ela é cruel, não existe amor verdadeiro, pois esse amor que acreditamos nada mais é que uma vontade nossa de que existe alguém em quem podemos confiar, mas não existe. Amor é a dor. Meu coração latejava, minhas mãos doíam e meus olhos estavam secos. Olhei para ele e uma mágoa incontrolável, me tomou e me dominou.

- Lia, eu posso explicar! - gritou ele descendo de seu cavalo

- Sai daqui!

Ele correu até mim, mas eu descontrolada, indefesa de mim mesma, sem confiar em mais ninguém dei nele uma tapa tão forte que ele caiu no chão.

- Explicar o que? Que todo esse amor que você dizia ter por mim não passava de uma mentira? Eu não passava de um conforto pra você! Eu morreria por você! Eu voltei a vida pra ficar com você e é assim que você me agradece?! Me traindo! O quanto você me ama? Nada! Você me iludiu e eu como uma tola acreditei! Eu acreditei em você! Em todo o mundo! Quem é você? Eu não te conheço! FORA DAQUI! FORA DA MINHA VIDA!

- Lia, não é isso, eu só beijei ela porque...

Mais uma tapa, mas essa foi a pior, a mais doída, a que mais me machucou também. Meu coração implorou para que eu aceitasse a fala dele, mas a razão não deixava, eu simplesmente não conseguiria confiar em mais ninguém.

- SAI!!!!!!

Ele saiu de cabeça baixa, mas eu sabia que ele voltaria. "Não se iluda Lia", pensei. Eu caí no chão. Meu choro estourava os meus tímpanos, tudo girava, nada mais fazia sentido, na verdade viver não faz sentido, pois já nascemos e a morte começa a se aproximar de nós. Eu soluçava, infeliz, cansada, com raiva, com medo, sem ninguém. Eu vou sentir falta de acreditar na beleza de dentro das pessoas. Era como se tudo tivesse ido embora, a minha força, tudo, não sobrou nada. Eu berrei, mas a dor não passou. Acho que ela nunca passaria e eu teria que aprender a conviver com ela.

Senti uma mão nos meus ombros, mas eu estava tão perdida na minha dor que nem liguei. Meu soluços se intensificaram, eu não conseguia me controlar. Queria tomar as rédias da minha vida, mas foi aí que me liguei que não havia mais vida. Não tenho pai, nunca mais vi a minha mãe e agora não tenho ele.

- Vocês roubaram tudo de mim! O que mais vocês querem? - falei para a vida

- Lia. - aquela voz me tirou dos meus devaneios.

Era Flaura. Ela estava me abraçando e por instinto me afastei.

- Estou contigo - disse ela

- Ele também estava. - falei retrucando muito temerosa, traumatizada.

Ela tentou chegar perto, mas me afastei e apontei a faca para ela. Ela abaixou o meu braço.

- Confie em mim.

- Não tenho motivos para confiar em ninguém.

- Por mais que sejam grandes os seus esforços, não vai me manter longe de você, sou sua amiga.